terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O poema do Flamengo

Eu acho que qualquer pessoa

(Que se atreva!)

entender minimamente de futebol,

vai torcer pelo Flamengo.


A maior torcida do mundo.

- E olha que o mundo, tem gente que entende de futebol!

(...) E vai torcer pelo Flamengo.


Sabe-se lá porque neste mesmo mundo,

tem gente que torce pros outros...

-Mas que infelizes que são...

Parecem a mim, fazer parte de um plano divino de manter seu equilíbrio.

-E olha que o “mundo”, entende de futebol!


E o que seria vê-lo girar

Pendendo pr’um mesmo lado

Feito um apaixonado

(...) Torcendo pelo Flamengo.


E o que seria de mim,

Preso, no outro lado

Feito um cão, aprisionado.

-Nem gosto de imaginar...

Graças ao bom Deus!

Deste a mim o bom lado

Graças a Deus nasci Flamengo

Cresci... E o serei até morrer...


Rogério Mansera – Pedro Garcia

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Soneto do entendimento

Outro dia conversei com passarinhos

E me senti daí, estar ao lado de Deus.

Mas não entendo porquê.


Como assim não pude entender

Se o que estou fazendo aqui,

É certo ou tão somente incorreto.


Mas eu nem quero saber...

Nem preciso mais temer

Os percalços do caminho,

Que por certo vou trilhar.


E se posso assim saber

Entender dos passarinhos;

E porque ele os fez,

Nunca estarei sozinho.


Rogério Mansera

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Viver com arte

Apenas os que compreendem

Fazem arte.

A arte da Arte,

A vida que ela pode trazer.

A arte que ela deve ter.

Poder gritar

Que há um mundo por dentro.

Explodir em poesia;

Esculpir o seu talento.

Expressar tudo que há pra dizer.

Ser o que você é,

Imaginar o que poderia ser.

Fazer arte, viver com ela;

Fazer dela Arte.

Acender uma vela

Pra todos que querem ver.

Rogério Mansera

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A idolatria e a ignorância do povão

Incrível como o povo brasileiro é suscetível às armadilhas da mídia, basta que alguém tenha algum tempo de exposição a ela para ser considerada uma celebridade. Só que a grande maioria da população não sabe é que para se tornar célebre, a pessoa deve se distinguir por suas qualidades ou feitos. Então como tratar como tal, o participante de um reality show ou algumas mulheres que tem por ofício a exposição de seus corpos (e por isso são perseguidas por fotógrafos onde quer que vão, sempre mostrando o que o povo quer ver). Tornar célebres pessoas desse calibre acaba sendo um grande negócio àqueles que querem ganhar dinheiro fácil sobre a ignorância do povão. Existem várias publicações e programas televisivos especializados em acompanhar a vida dessa gente, seguindo-os passo a passo e os dando voz enquanto o país tem sérios problemas que deveriam estar sendo debatidos pela população.

Mas como ouvir pessoas que na grande maioria das vezes não tem nada de produtivo a dizer, enquanto o país fica na escuridão literal. Esquecemos completamente o escândalo do mensalão, os atos secretos do senado liderados pelo Sarney, a farra das passagens aéreas e o castelo do deputado. A própria Geisy que deveria estar levantando a bandeira da intolerância no meio acadêmico, participa de vários programas de TV entregando-se a superexposição e brevemente deve estar estampando a capa de alguma revista masculina, enquanto os “linchadores” caem no ostracismo.

Recentemente o Rio foi visitado pela Madona, que mobilizou toda imprensa, desfilou com nossos governantes locais e angariou sete milhões de um benevolente empresário para sua Ong. Bondade dele em preocupar-se com as crianças do mundo enquanto a Baixada Fluminense fica mais uma vez embaixo d’água. Mas não o culpo, pois a pobre da Rainha do Pop deve estar precisando bem mais do dinheiro; e dando para as vítimas da chuva não há autopromoção de sua imagem benemérita.

Outro fato que me chamou atenção foi à comoção generalizada com a morte do Michael Jackson. O astro internacional andava a muito sem emplacar nenhum sucesso. Muito pelo contrário, só era comentado por seu estranho comportamento, escândalos pessoais e por sua situação financeira precária. Era motivo constante de piada entre os humoristas, e bastou ele morrer para milhares de pessoas descobrirem-se fãs do pop star. Deu-se início a uma romaria para comprar toda sorte de quinquilharias do astro e cds. Lotaram os cinemas para acompanhar documentário póstumo, tudo sem a consciência de que enchem os bolsos daquele que viveu de explorar o filho em sua infância, o que é no mínimo incoerente.

A vida das “celebridades” desperta bem mais interesse na população do que os acontecimentos que influem diretamente em suas próprias vidas, como os atos políticos. Uma espécie de escapismo perigoso, pois além de não agregar nenhum valor positivo, nos cega, deixando-nos a mercê de políticos inescrupulosos, tão nocivos a nosso país.

No entanto, célebres como Michael Jackson e Madona possuem seu valor artístico inegável. O problema maior são as celebridades instantâneas, em sua maioria completamente descartáveis por sua nítida falta de talento. Talvez ninguém se lembre da Fogueteira do Maracanã ou da Katilce Miranda, por exemplo, como de participantes de edições anteriores do BBB. Essas pessoas são capazes de fazer tudo por um lugar sob os holofotes, mas os quinze minutos de fama sempre acabam. Contudo, ano que vem tem eleições e já figuram como possíveis candidatos gente como a mulher melão, Vampeta, Maguila, a ex BBB Mirla e pasmem: Kleber Bambam. Depois perguntamo-nos por que o país não vai pra frente. Sei bem o quanto nossa vida pode ser desinteressante, mas se não acompanharmos o que realmente importa, ela tende a piorar...

Rogério Mansera

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

E que falta faz a luz!

A cidade acostumou-se às luzes,

Não sabe mais olhar o brilho da lua.

A cidade faz-se nua por todos os seus defeitos.

Não pode mais ficar escura...

Deixar de ser vigiada.

-Deveria ser bombardeada,

Para assim seu povo, finalmente, entender.

A cidade é mal governada,

Ao passo que os governados

Deixaram-se governar.

Passando por cima de “seu” governo.

-Sei ser difícil entender...

Mas cabe aos outros, governar

Aquele que lhes governa.

A cidade acostumou-se ao escuro,

Nunca viu a luz da lua.

E bem que podia ver seus maus feitos.

Poder mais ficar à escura...

Deixar de ser vigiada.

-Deixar de ser mal governada...

Para assim, seu povo finalmente entender.

Rogério Mansera

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sete anos de matança

A violência vem roubando a cena dos noticiários desde o anuncio da vitória do Rio de Janeiro para sediar os jogos olímpicos de 2016. Mas já era de se esperar que tudo isso pudesse ocorrer, levando-se em conta a política de enfrentamento do governador Sergio Cabral, apoiada pelo governo federal. Pois é sabido que apesar dos muitos esforços para o combate às drogas, o número de usuários continua crescendo em todo mundo. Da mesma forma, para provar a ineficácia desse tipo de política, posso citar como exemplo os Estados Unidos, que gastam cerca de US$ 35 bilhões por ano “reprimindo” a expansão das drogas no planeta, sem a obtenção de sucesso. E o pior é que este problema tem uma solução muito simples.

Consumimos álcool e morremos no trânsito, de cirrose e de tudo que pode causar a loucura. Fumamos cigarros, e morremos de muitas maneiras. Como também ingerimos maconha e cocaína, tudo nas barbas da lei... -E morremos bem menos por isso. Casos de saúde pública, deveriam ser cuidados pelo Ministério da Saúde, não pela polícia. Um comércio extremamente lucrativo, como o das drogas, poderia arrecadar milhares de reais em impostos. Apenas a legalidade da maconha, droga mais consumida no mundo, poderia ser o estopim para acabar com essa guerra. A descriminalização pode gerar muitos empregos, tirar da ilegalidade agricultores e transformar traficantes em comerciantes. A violência de hoje poderia se transformar na oportunidade de amanhã, em re-socialização. Claro que todos os criminosos deveriam ser presos, mas de cima para baixo e não o inverso.

Na Holanda, milhares de turistas gastam muito dinheiro no país, para aproveitar-se da liberalidade no consumo da maconha. Imaginem esse mesmo turista no Rio de Janeiro. Com nossas favelas urbanizadas, mas sem perder seu charme pessoal. Com água, luz, saneamento básico e bem iluminadas. Com acesso facilitado, ruas asfaltadas, escadarias com corrimão e elevador para descer o lixo. Imaginem também os “pivetes” ganhando seu dinheiro como guias mirins legalizados, com a obrigação de terem de estudar pra exercer a profissão. Cada uma dessas comunidades munida de vilas olímpicas e projetos de incentivo à produção cultural. Assim, o samba voltaria pro morro, dividindo espaço com os melhores bailes funks. Atraindo um comércio diferenciado, bares e restaurantes, alguns com vista pro mar. Aqui no Rio, arrecadaríamos uma verdadeira fortuna com o turismo e isso geraria uma infinidade de empregos, principalmente para os moradores das favelas.

A guerra do tráfico matou 19.381 pessoas nos últimos três anos, e ainda morrerão muito mais até 2016. Pois os olhos do mundo todo estarão voltados para o Rio e temos que causar boa impressão. O pior é que por falta de inteligência, o governo tenta apenas se livrar dos marginais, sem de fato combater o problema; varrendo sempre a sujeira pra debaixo do tapete. E no meio dessa guerra civil já instituída, entre a polícia e os traficantes, sempre estará a população. A legalização forçaria a falência do comercio, pois ninguém mais se arriscaria a subir o morro podendo comprar no bar da esquina. E sem dinheiro pra adquirir armas e munição, não haveria confronto. Daí então, seria fácil à incursão social nos morros cariocas. Os moradores das favelas tornar-se-iam cidadãos integrados e não descriminados como hoje o são. E estas deixariam de ser motivo de vergonha para se tornarem de orgulho, gerando talentos artísticos e esportivos. E para tanto, seus habitantes deveriam ser profissionalizados e educados. Mas infelizmente a educação é um tema que não dá comentários e tão pouco “ibope”. Afinal de contas, porque precisamos dela se conseguimos mascarar nossos problemas com força bruta, carnaval, futebol e novela. E até quando vamos errar? Só sei que até as olimpíadas teremos de aturar sete anos de matança e depois tudo volta a ser como é hoje, normal aos olhos de todos nós cariocas...

Rogério Mansera

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Não há acerto sem erro

“O povo é o inventa línguas na malícia da maestria no matreiro da maravilha no visgo do improviso...”. Gostaria de que com versos primorosos de Haroldo de Campos (obra intitulada: “Circulô de Fulô”) eu inicie mais uma opinião. Há pouco tempo li aqui mesmo, um texto demonstrando a indignação de um opinante, sobre os despautérios cometidos contra a Língua Portuguesa. Mas será mesmo que os erros são tão maléficos assim para a evolução da linguagem? Utilizarei-me da máxima de que “não há acerto sem o erro”, para expressar o que sinto a respeito disso.
Quando vejo uma placa na rua com palavras escritas incorretamente, muito mais do que achar engraçado ou revoltante, consigo olhar para o lado bom e ver que alguém descobriu a importância do marketing e concomitantemente da comunicação. Então se existe à vontade e a necessidade em expressar-se, porque não transformá-las em uma oportunidade para educar. Pois deveria ser sabido que nossa língua está em constante evolução, e está oriunda necessariamente do povo! Cabe aos escritores julgar sua eficácia e formalizar seu uso em suas obras. Por esse motivo, cheguei ao pensamento de que se não há escritores, não existe como registrar o que foi inventado ou meramente pensado. E qualquer falante da língua, conhecedor dos signos, está apto a se tornar um escritor, mesmo não sendo conhecedor da gramática, pois para haver comunicação, basta que o receptor compreenda o que se quis dizer.
Por outro lado, a grande incidência de erros, faz acender um sinal de alerta para a necessidade em se educar nosso povo. Em aprimorar nosso sistema educacional, como também dar a devida importância à gramática. Instrumento que normatiza o uso da língua e explica seus meandros, nos instruindo em como nos expressarmos claramente na forma escrita. Mas imaginem também que o erro alheio nos faz testar nossos conhecimentos. Ter a oportunidade de reconhecê-los e até mesmo de rir deles, nos dá certeza de quanto é bom saber.
Então, não deveríamos acreditar que certos estão aqueles que criticam os que tentam registrar aquilo que se pensou, mesmo que de forma errônea. Por isso, não entendo como algumas pessoas podem ser tão intolerantes quanto aos falares e escreveres errados. Pois tolher os erros é impedir acertos futuros. Apontá-los, no entanto, é o começo para despertar o interesse em se fazer do jeito certo. Não sei se ando me influenciando por versos como os de Haroldo de Campos, ou se sou apenas um entusiasta da “Língua Brasileira” em suas mais variadas formas, todavia por esse motivo, ache esse tipo de erros tão bonitos e incondenáveis.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Outros

Me fez assim responsável

Por alguma dor do mundo

Me fez assim...

E um segundo,

Fez deixar girar a terra sem fim.

Nunca por mim;

Nuca por nó (s)

Nem por ninguém.

Eu vou muito mais além... eu vou sempre mais além

ou por mim ou por alguém

Rogério Mansera

domingo, 25 de outubro de 2009

O circo das inverdades

Quando pequeno, meus pais sempre me falavam que eu precisava ter muito respeito com os meus mestres. E como justificativa à recomendação, diziam que esses possuíam o ofício mais importante do mundo, simplesmente por todos os demais profissionais precisarem de seus ensinamentos. Mas se assim realmente fosse, não deveriam ser os mestres bem remunerados? Bom, ao menos o MEC diz que entre 2003 e 2008 a média salarial dos professores cresceu cerca de 53%; talvez divulguem esses dados por fazer uma campanha de incentivo para que os jovens optem pela carreira, tão carente de profissionais no mercado.

Acredito que o Ministério da Educação ou está enganado, ou não passou nem perto do estado do Rio de Janeiro. Onde o professor do ensino médio ganha pouco mais de um salário mínimo por mês de trabalho. Isto, para enfrentar as piores condições possíveis para o exercício da profissão. Uma clientela hostil, longos percursos entre seus locais de trabalho e seus lares, falta de benefícios dados a qualquer trabalhador. Difícil não achar piada ouvir dizer que o governo do mesmo estado, oferece-os um programa de incentivo para a compra da casa própria, onde as taxas de juros serão mais baixas. Magnífico não fosse imaginar em que tipo de casas nossos mestres iriam habitar, caso dependessem unicamente do soldo do estado, levando em conta o valor venal do imóvel pelo possível valor da prestação.

Creio o MEC, não ter levado em consideração as causas para que houvesse necessidade do recrutamento acontecer. Estupidez do governo, pois sem combatê-las, reiniciar-se-á o mesmo ciclo vicioso. Por isso acho improvável, que alguém possa suportar tamanho desrespeito. Nem mesmo a classe de um ofício tão nobre. Dedicado a nos educar, a nos fazer poder olhar adiante.

Tenho a mais absoluta certeza de que meus pais estavam certos ao me ensinar a respeitar meus mestres. Eles merecem todo nosso respeito, pena os governantes não tenham aprendido isso em sua infância.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O imenso vazio

Cai em mim um imenso vazio,
um não sei o que de idéias.
Quase nada, não sei ao certo.
De perto, tudo me parece igual.
O conto antigo,
que lhes sirva como alento.
Amanhã,
ao despertar do carnaval.
quem sabe, volte a viver.
Rogério Mansera

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Coisas de nossa natureza

Eu sempre achei que o mundo, digo, as coisas naturais, como o Sol, a Noite, o Vento. Não seres meramente fenômenos da natureza. E sim, forças errantes, que de alguma forma, influenciam nossas vidas, nos tornando meros instrumentos de seus desejos. Hora para o bem, hora para o mal. Hora, ou só por hora, em prol dos anseios que insistimos em encurralar no fundo de nós mesmos.

Aquela noite era uma dessas em que tudo conspirava para a afloração dessas vontades, as que guardamos no fundo de nossos armários.

Estava quente, fruto do sol escaldante do dia. A chuva da tarde apenas fora suficiente para afugentar os mosquitos para dentro de casa, e a empelotar o céu de nuvens. Que vieram com o vento que cessou. As nuvens funcionam como uma grande rolha que impede que o nefando calor ganhe o espaço, e também a passagem à brisa fresca, das noites de primavera. No fito de que esta não entre.

Eu andava incomodado; de um lado para o outro. Tomava banhos, que de nada adiantavam. Alguma coisa me impelia. Os mosquitos ajudavam, carregando-me para porta. Olhei para ela. Linda, indolente... Estirada em meu sofá.

Seu olhar cúmplice me mandava ir.

Após muitos anos de solidão voluntária, me rendi a ela. Sua doçura e dependência por mim, alimentaram um dos amores mais puros, que eu jamais ousei sentir. até esse momento.

Era quase uma criança quando a conheci, fato que me envaidece até hoje. E num ímpeto, levei-a para casa. E já se passam três anos de uma relação perfeita.

Não sou uma pessoa dada a muitos carinhos, mas me conforta saber que ao acordar, ela estaria ali, junto a meu peito, me fitando preguiçosa.

Nunca fui dado a muitas palavras, que ela jamais falaria.

E foi sem palavras, que ganhei a rua. Não precisei andar muito para encontrar meu destino. O bar estava cheio, talvez todos movidos pelo mesmo desejo.

- Uma cerveja, por favor!

Duas, três, mais uma vez. E uma vez mais, observo que ninguém sai. Como àquela altura, não entrava mais ninguém . Talvez pelo desconforto da superlotação e pela indefectível ineficiência do ventilador de teto. “Outra cerveja!”

E até perdermos a conta.

A Loira sai do banheiro, não muito bonita. Contudo, àquela altura da noite, desejável. Pensei nela; esqueci. Um vento quente desabotoou mais um botão de minha camisa. A Loira me olhou blasé, como que me queria. Ou só queria, sei lá o quê. Hesitei um pouco. Sentei-me ao seu lado. A mulher mostrou desinteresse, mas não me impediu de sentar ao seu lado. Sussurrei algo em seu ouvido, que nem eu mesmo entendera. Ela sorriu e fixou seus olhos em mim.

Eu não a beijei, e corri os dedos pelo seu decote. Acompanhando a gota de suor que nascera em sua face.

Começou a chover novamente; desta enfraquecida pela vida ausente do outro lado da porta. O bar não está mais cheio. A rua, esta parece morta, e nos chamava...

Eu não a beijei. Mas enxuguei, hora com as mãos, hora com a língua, cada respingo de chuva. Cada rastro de suor... Um nojo despropósito tomou conta de mim. Asco pelas sardas, pelas rugas. Pelos dentes amarelos, pela ausência deles.

Pelo sexo quente. Pelo ruído rente aos ouvidos. – Que alguns chamam gemidos. Uma vontade de matá-la tomou-me quase que instintivamente. Uma maior que o arrependimento que poderia eu vir a ter. Pior que a constatação de que o ser humano é meramente um animal.

Dessa vez eu não matei!

Corri pra casa em meio à chuva que apertava. Pensei somente em minha casa. Ansiei somente minha casa. -Como ela estava? Lembrei e não esqueci. Enquanto as tais forças atuavam.

Abri a porta, a casa escura que me observava, e que eu assim deixara.

Acendi a luz e logo reconheci o rastro. Era sangue! E logo avistei o cadáver, perfurado em vários pontos. Corri assustado. Liguei a luz da cozinha. Outro corpo se apresentava. Cirurgicamente, sem a cabeça... Que encontrei rente a pia.

Deixei de ter medo e comecei a me preocupar. Poderia ser aquilo uma invasão? -Mais do modo em que estavam... Não deveria ter sido em legítima defesa. A fêmea, por instinto, caça.

E como eu, resolveu se divertir. Mas ao contrário de mim... Matou!

Corri para o quarto e ela estava lá se espojando na cama. Plácida, como se nada ali houvera. Impassível, sem ar de remorso.

Pronta para me pedir carinho. Lambendo o sangue de seus pêlos... Como um gato deve agir.

E a mim, basta a humilde tarefa de aceitá-la como ela deve ser. Tirar os corpos dos ratos da sala, da cozinha. E rezar para a madrugada a minha volta refrescar. Para que possamos dormir, e no dia que se aproxima, novas forças voltem a atuar.

Rogério Mansera

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O Envelope

Assim como as pessoas,
eis o envelope!
Se bonito, não importa o conteúdo.
A carta, triste ou feliz,
Se a morte, contudo...
Só importa a capa.

Da poesia, a palavra difícil de compreender.
Da música, o ritmo e nada mais.
Nem é preciso entender,
só apreciar.

Pois a morte tem cara de coisa ruim.
A solidão me parece má.
A culpa, a dor, a raiva...
Se em belos envelopes,
para tudo, tanto faz...

E eu, tão influenciado pelas aparências...
Se tua capa me apraz,
teu invólucro me basta;
E já nem rimo mais.

Contudo, se a língua me permite,
componho trovas sem sentido;
me embebedo, me castigo.
Baixo o santo que me faz vivo;
até aqui e antes disso.

O ofício de escrever
relegado ao esquecimento,
de não continuar ideias.
Que não precisam dizer nada;
que sejam apenas belas...
Pois quase todos gostarão delas.

Rogério Mansera

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Resposta Carioca...

Enfim o Comitê Olímpico Internacional se rendeu a nossa candidatura! Não é maravilhoso a todos que habitam esse abençoado pedaço de chão, a certeza de que as coisas vão melhorar de verdade. Olimpíada é coisa muito séria. É um, entre os eventos políticos mais importantes do planeta. E dessa vez, coube ao Rio de Janeiro, a honra de sediá-lo. Não sejamos hipócritas ao pensar que esse país não se constrói, não se desenvolve em torno do Rio de Janeiro. Fomos a sede do primeiro governo que esse país já teve. Fomos os primeiros a ter uma universidade, um jardim botânico. Assim como fomos a capital da república nos momentos mais determinantes da história desse país. Abrigamos os artistas e as mentes mais brilhantes do território nacional, ao passo que produzimos boa parte destes.

Hipocrisia é ignorar o fato de nossas mulheres serem as mais desejadas. De que fazemos sucesso em tudo o que inventamos. O poder que exercemos em aprovar ou desaprovar modas. Por termos o monumento apontado entre as sete maravilhas do mundo moderno. De termos o povo mais feliz! De ter o nosso céu retratado na bandeira do Brasil.

Peço perdão por meu descarado bairrismo, mas preciso dizer que tenho imenso orgulho em habitar esse chão. Por tal, sei que preciso agradecer. Resposta Carioca é por todo o Brasil, inclusive por São Paulo; que deveria aprender a dar importância as coisas que tem realmente importância, talvez escutar o que dizemos e ver como fazemos. Aprender...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A primeira dedicada a marcia

Eu nunca saberia o que eu faria, sem Marcia.
E olha, que eu conheço Marcia
a poucos dias atrás.
E como o tempo passa!

Sinto, que conheço Marcia:
Como fora de outras vidas.
Já a quis como minha mãe...
Já a quis como a uma irmã,
já a quis como minha filha.

E do jeito que vier,
assim como ela chegar,
Há de ser pra mim, a marcia.
minha uma, grande amiga.

Rogério Mansera

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Uma breve sobre o PT

Ainda há pouco, recebi um e-mail, daqueles que as pessoas repassam por achar engraçados, denegrindo a imagem do presidade Lula. O que pode parecer piada, acaba nos influenciando. Considero isso propaganda suja! Não sou petista, não gosto da ideologia do partido. Creio que o PT errou ao aceitar entrar no jogo do poder. PMDB, DEM, PP e PSDB, são na verdade os antigos MDB, ARENA e UDN. Não dá para se aliar a algum deles, pois são representantes fieis das classes dominantes. O que são Jósé Sarney, Antônio Carlos Magalhães e Fernando Collor, senão os velhos "coronéis"...
O PT gostou de ter poder e se corrompeu. Nunca na história desse país, tantos políticos ligados ao governo foram apontados por corrupção, como é nesse governo. O PT se rendeu ao assistencialismo, por isso não gosto de seus programas sociais. Como também não gosto do modo com que o governo trata a educação.Como não reduziu as taxas de juros aos níveis que deveria. Contudo, não podemos negar que nesse governo muita coisa mudou.
Paramos de entregar nosso país ao capital estrangeiro, avançamos em todos os índices de desenvolvimento humano e econômicos. O Brasil conquistou o respeito internacional; é reconhecido como postulante à potência, deixando o terceiro mundo pra trás. Reerguemos a já quase sucateada Petrobrás. Conquistamos a autonomia de petróleo e de quebra, somos líderes em tecnologias para a produção de combustíveis alternativos; baratos, pouco poluentes e de fonte renovável. E em todas essas ações, vejo a mão do presidente Lula. Aquele que representa os verdadeiros ideais do PT.
Quem diria que o "analfabeto" fosse ser um grande articulador político e um notório estadista, admirado internacionalmente. Acusam-no de cachaceiro; como se nesse país não tivéssemos uma queda por uma cachacinha, uma cervejinha, um churrasquinho e o futebol do fim de semana. -Não sejamos hipócritas! Acreditem, é bom ter um presidente genuinamente brasileiro. Mas que não fez o país crescer como deveria.
E quem pensaria que a moeda não tem duas faces! De certo apenas que não devemos retroceder, voltar às mãos dos que sempre nos governaram até agora. Ou quem sabe estagnar, deixar tudo como está.
É necessário buscar a informação, formar sua própria opinião a respeito dos fatos, a respeito dos rótulos estampados em qualquer desses e-mails. Saber como decidir o que é melhor pra você é essencial nesse momento. Pois estamos próximos a uma eleição, e não podemos vacilar.

Rogério Mansera