quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Voltei!!!

Não sei se chamo isso de ócio criativo ou de preguiça mesmo, mas o certo é que me basta entrar de férias para não conseguir escrever uma linha sequer. Sempre a mesma coisa, só que desta vez demorou um pouco para o cérebro voltar ao ritmo habitual. Vou atribuir à péssima qualidade do aproveitamento do meu tempo, gasto essencialmente na resolução de problemas, em consumo de álcool (subterfúgio usado no afã de amenizar os mesmos problemas) e em ver televisão. Nada muito diferente da vida da maioria das pessoas, ainda bombardeadas por música de péssima qualidade como o funk e o sertanejo. Ou seja, as pessoas são essencialmente também o que consomem, e a mídia nos fornece sempre o que há de pior. Tudo muito simples de se digerir, nada que nos ofereça desafio.

Para tanto vamos sorrindo das piadas óbvias, pois para as outras precisamos minimamente de algum conhecimento de atualidades, especialmente sobre os da política (tão chata e desnecessária na estúpida opinião da massa). Nos interessamos pela vida das celebridades bem mais do que planejamos algo para melhorar as nossas próprias, talvez por planejar dar tanto trabalho. Dançamos conforme o ritmo sem se quer ouvir o que é dito, já que o importante é nos divertir mesmo! Gastamos horas de leitura no Twiter, talvez porque ali tenha apenas notas curtas e um livro pode ser muito chato, e além do mais novelas são muito mais dinâmicas e são uma expressão fiel da vida que gostaríamos de ter... Utilizamos boa parte de nosso tempo útil atualizando nossa página do Orkut, pois nossos amigos verdadeiros (cerca de 350, a maioria que nem conhecemos pessoalmente), precisam estar a par com o que tem nos acontecido, e de mais a mais dar um telefonema às pessoas que verdadeiramente nos ama poder sair muito caro, já que a tarifa anda astronômica.

Percebo enfim que a morte temporária de minha criatividade deve-se a um mês e meio de uma vida absolutamente normal, tal como a de qualquer outra pessoa... Nosso cérebro, assim como qualquer outra parte de nosso corpo, precisa de estímulo para se desenvolver. Os músculos, se não exercitados atrofiam, por exemplo. E assim, vamos gradativamente sendo emburrecidos pelas redes de relacionamento, pela péssima programação da T.V., pelos modismos musicais e pela impaciência por nós mesmos. Contudo, agradeço ao bom Deus ter me dado um trabalho estimulante e sobre tudo, curiosidade para tentar entender mesmo o que possa parecer de impossível compreensão. Mas infelizmente para as pessoas “normais”, ter o cérebro atrofiado não é um peso a ser considerado, pois essa é uma anomalia quase imperceptível e não tem a importância de uma simples celulite.