segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sete anos de matança

A violência vem roubando a cena dos noticiários desde o anuncio da vitória do Rio de Janeiro para sediar os jogos olímpicos de 2016. Mas já era de se esperar que tudo isso pudesse ocorrer, levando-se em conta a política de enfrentamento do governador Sergio Cabral, apoiada pelo governo federal. Pois é sabido que apesar dos muitos esforços para o combate às drogas, o número de usuários continua crescendo em todo mundo. Da mesma forma, para provar a ineficácia desse tipo de política, posso citar como exemplo os Estados Unidos, que gastam cerca de US$ 35 bilhões por ano “reprimindo” a expansão das drogas no planeta, sem a obtenção de sucesso. E o pior é que este problema tem uma solução muito simples.

Consumimos álcool e morremos no trânsito, de cirrose e de tudo que pode causar a loucura. Fumamos cigarros, e morremos de muitas maneiras. Como também ingerimos maconha e cocaína, tudo nas barbas da lei... -E morremos bem menos por isso. Casos de saúde pública, deveriam ser cuidados pelo Ministério da Saúde, não pela polícia. Um comércio extremamente lucrativo, como o das drogas, poderia arrecadar milhares de reais em impostos. Apenas a legalidade da maconha, droga mais consumida no mundo, poderia ser o estopim para acabar com essa guerra. A descriminalização pode gerar muitos empregos, tirar da ilegalidade agricultores e transformar traficantes em comerciantes. A violência de hoje poderia se transformar na oportunidade de amanhã, em re-socialização. Claro que todos os criminosos deveriam ser presos, mas de cima para baixo e não o inverso.

Na Holanda, milhares de turistas gastam muito dinheiro no país, para aproveitar-se da liberalidade no consumo da maconha. Imaginem esse mesmo turista no Rio de Janeiro. Com nossas favelas urbanizadas, mas sem perder seu charme pessoal. Com água, luz, saneamento básico e bem iluminadas. Com acesso facilitado, ruas asfaltadas, escadarias com corrimão e elevador para descer o lixo. Imaginem também os “pivetes” ganhando seu dinheiro como guias mirins legalizados, com a obrigação de terem de estudar pra exercer a profissão. Cada uma dessas comunidades munida de vilas olímpicas e projetos de incentivo à produção cultural. Assim, o samba voltaria pro morro, dividindo espaço com os melhores bailes funks. Atraindo um comércio diferenciado, bares e restaurantes, alguns com vista pro mar. Aqui no Rio, arrecadaríamos uma verdadeira fortuna com o turismo e isso geraria uma infinidade de empregos, principalmente para os moradores das favelas.

A guerra do tráfico matou 19.381 pessoas nos últimos três anos, e ainda morrerão muito mais até 2016. Pois os olhos do mundo todo estarão voltados para o Rio e temos que causar boa impressão. O pior é que por falta de inteligência, o governo tenta apenas se livrar dos marginais, sem de fato combater o problema; varrendo sempre a sujeira pra debaixo do tapete. E no meio dessa guerra civil já instituída, entre a polícia e os traficantes, sempre estará a população. A legalização forçaria a falência do comercio, pois ninguém mais se arriscaria a subir o morro podendo comprar no bar da esquina. E sem dinheiro pra adquirir armas e munição, não haveria confronto. Daí então, seria fácil à incursão social nos morros cariocas. Os moradores das favelas tornar-se-iam cidadãos integrados e não descriminados como hoje o são. E estas deixariam de ser motivo de vergonha para se tornarem de orgulho, gerando talentos artísticos e esportivos. E para tanto, seus habitantes deveriam ser profissionalizados e educados. Mas infelizmente a educação é um tema que não dá comentários e tão pouco “ibope”. Afinal de contas, porque precisamos dela se conseguimos mascarar nossos problemas com força bruta, carnaval, futebol e novela. E até quando vamos errar? Só sei que até as olimpíadas teremos de aturar sete anos de matança e depois tudo volta a ser como é hoje, normal aos olhos de todos nós cariocas...

Rogério Mansera

2 comentários:

  1. professor rogerio gostei muito desse tema .concordo com voce quando díz sobre a legalizaçao da maconha,acredito que essa medida resolveria e contribuiria para a diminuição da criminalidade em nosso país,evitando a perca de nossas crianças,que a cada dia tem aumentado mais.ao invés de estarem na escola se voltam para esse caminho sem volta.devem ser tomadas medidas mais severas pelos nossos governantes.como por exemplos,mudanças na lei,para que o traficante sinta pelo menos medo da justiça do nosso país,o que não acontece hoje.cito como exemplo aquele caso mais recente que o bandido saiu pela porta da frente e ate hoje não voltou.isso e o cúmulo.desculpe professor é que realmente eu fico indignada com certas coisas que vejo.e a unica coisa que posso fazer e pensar muito bem antes de dar o meu voto á determinados politicos,pois so pensam em mama na teta do governo.

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  2. desabafo:COMO TENHO VISTO POR AQUI CRIANÇAS ENVOLVIDAS NESSE MUNDO DE CRIME,ENÃO PODEMOS FAZER MUITAS COISAS A NÃO SER NOS INDIGNARMOS COM TAL SITUAÇÃO.QUANTAS JOVENS MENINAS DE DEZ,ONZE ANOS GRAVIDAS ACHANDO QUE AQUELA CRIANÇA AO NASCER SERA UM BRINQUEDO PÁRA ELA.NÃO TEM NOÇÃO DA RESPONSABILIDADE QUE É EDUCAR UM FILHO.ONDE VAMOS PARAR?ISSO PRECISA TER UM FIM,NÃO PODEMOS FICAR DE BRAÇOS CRUZADO ENQUANTO AS CRIANÇAS QUE É O FUTURO DA NOSSA NAÇAO SE PERCAM POR AI.

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