quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Saudosismo

Há muito tempo recebo aqueles e-mails; sempre os mesmos que te indagam lembranças do Pogobol, Genius da Estrela, Pirocópitero, Topo Gigio, entre outros. Mas sempre me soaram uma tentativa meramente saudosista, algumas me fizeram sentir vergonha de ter nascido nessa época. Sou nascido em 1973, significa que em plenos “Anos Oitenta” eu vivi toda minha juventude; muitos chamam a mesma juventude de “Perdida”... Não vejo as coisas desse modo, pois não considero ser perdido estar no centro das transições políticas, tecnológicas e de valorização a nossa cultura. Eu votei junto aos meus compatriotas pela primeira vez em um presidente. Vi morrer nosso primeiro presidente civil (em décadas) e logo após, presenciei a campanha pelas eleições diretas. Fui estudante justamente quando depusemos nosso primeiro presidente eleito, mesmo tendo sido mera massa de manobra.

Como me considerar perdido por ter escrito meus primeiros textos em uma máquina de escrever. Por ter tido uma infância liberta, em contato com terra, plantas e bichos. Acompanhei o cassete virar cd; na verdade se não fosse pelos mesmos da mesma época, as crianças de hoje não teriam em quê jogar, e ainda estaríamos utilizando produtos eletrônicos movidos a válvulas. – Somos responsáveis por grandes confortos da era moderna, por grandes avanços científicos (e continuaremos sendo). Então como considerar-nos perdidos?

Creio que gente de minha época viveu como se deve viver, pois aproveitamos as fases de nossas vidas quando estas devem ser unicamente aproveitadas. Pois nossas crianças apenas criavam brincadeiras divertidas, aprendiam em liberdade, em contato com o ambiente. Fazendo amigos, caindo e levantando meramente pra aprender. Nossos jovens reinventaram o protesto, mas dançaram e namoraram como um adolescente qualquer. Mas não pegávamos em armas e não éramos tão promíscuos quanto os dos dias de hoje, e nem tão inúteis.

Sinceramente tenho medo de realmente “perder” os de agora, criados a hambúrguer, viciados em computador e jogos violentos. Que se relacionam à distância e dificilmente se exercitam. Tenho pena da geração à frente, nossos jovens de hoje, sem respeito pelo ser humano. Se drogando em festas “have” ou fumando crack em uma rua qualquer. Não produzindo nada de alguma qualidade.

Contudo não me falta à esperança, pois cabe justamente a nós colocá-los nos eixos, direcioná-los para dar continuidade a tudo que fizemos, e para que possam reinventar, melhorar a sociedade como conhecemos. Como fora um prêmio em reconhecimento a tudo que a “juventude perdida” realizou. E assim, possamos ter uma velhice feliz e tranqüila.

Rogério Mansera

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