quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Outros

Me fez assim responsável

Por alguma dor do mundo

Me fez assim...

E um segundo,

Fez deixar girar a terra sem fim.

Nunca por mim;

Nuca por nó (s)

Nem por ninguém.

Eu vou muito mais além... eu vou sempre mais além

ou por mim ou por alguém

Rogério Mansera

domingo, 25 de outubro de 2009

O circo das inverdades

Quando pequeno, meus pais sempre me falavam que eu precisava ter muito respeito com os meus mestres. E como justificativa à recomendação, diziam que esses possuíam o ofício mais importante do mundo, simplesmente por todos os demais profissionais precisarem de seus ensinamentos. Mas se assim realmente fosse, não deveriam ser os mestres bem remunerados? Bom, ao menos o MEC diz que entre 2003 e 2008 a média salarial dos professores cresceu cerca de 53%; talvez divulguem esses dados por fazer uma campanha de incentivo para que os jovens optem pela carreira, tão carente de profissionais no mercado.

Acredito que o Ministério da Educação ou está enganado, ou não passou nem perto do estado do Rio de Janeiro. Onde o professor do ensino médio ganha pouco mais de um salário mínimo por mês de trabalho. Isto, para enfrentar as piores condições possíveis para o exercício da profissão. Uma clientela hostil, longos percursos entre seus locais de trabalho e seus lares, falta de benefícios dados a qualquer trabalhador. Difícil não achar piada ouvir dizer que o governo do mesmo estado, oferece-os um programa de incentivo para a compra da casa própria, onde as taxas de juros serão mais baixas. Magnífico não fosse imaginar em que tipo de casas nossos mestres iriam habitar, caso dependessem unicamente do soldo do estado, levando em conta o valor venal do imóvel pelo possível valor da prestação.

Creio o MEC, não ter levado em consideração as causas para que houvesse necessidade do recrutamento acontecer. Estupidez do governo, pois sem combatê-las, reiniciar-se-á o mesmo ciclo vicioso. Por isso acho improvável, que alguém possa suportar tamanho desrespeito. Nem mesmo a classe de um ofício tão nobre. Dedicado a nos educar, a nos fazer poder olhar adiante.

Tenho a mais absoluta certeza de que meus pais estavam certos ao me ensinar a respeitar meus mestres. Eles merecem todo nosso respeito, pena os governantes não tenham aprendido isso em sua infância.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O imenso vazio

Cai em mim um imenso vazio,
um não sei o que de idéias.
Quase nada, não sei ao certo.
De perto, tudo me parece igual.
O conto antigo,
que lhes sirva como alento.
Amanhã,
ao despertar do carnaval.
quem sabe, volte a viver.
Rogério Mansera

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Coisas de nossa natureza

Eu sempre achei que o mundo, digo, as coisas naturais, como o Sol, a Noite, o Vento. Não seres meramente fenômenos da natureza. E sim, forças errantes, que de alguma forma, influenciam nossas vidas, nos tornando meros instrumentos de seus desejos. Hora para o bem, hora para o mal. Hora, ou só por hora, em prol dos anseios que insistimos em encurralar no fundo de nós mesmos.

Aquela noite era uma dessas em que tudo conspirava para a afloração dessas vontades, as que guardamos no fundo de nossos armários.

Estava quente, fruto do sol escaldante do dia. A chuva da tarde apenas fora suficiente para afugentar os mosquitos para dentro de casa, e a empelotar o céu de nuvens. Que vieram com o vento que cessou. As nuvens funcionam como uma grande rolha que impede que o nefando calor ganhe o espaço, e também a passagem à brisa fresca, das noites de primavera. No fito de que esta não entre.

Eu andava incomodado; de um lado para o outro. Tomava banhos, que de nada adiantavam. Alguma coisa me impelia. Os mosquitos ajudavam, carregando-me para porta. Olhei para ela. Linda, indolente... Estirada em meu sofá.

Seu olhar cúmplice me mandava ir.

Após muitos anos de solidão voluntária, me rendi a ela. Sua doçura e dependência por mim, alimentaram um dos amores mais puros, que eu jamais ousei sentir. até esse momento.

Era quase uma criança quando a conheci, fato que me envaidece até hoje. E num ímpeto, levei-a para casa. E já se passam três anos de uma relação perfeita.

Não sou uma pessoa dada a muitos carinhos, mas me conforta saber que ao acordar, ela estaria ali, junto a meu peito, me fitando preguiçosa.

Nunca fui dado a muitas palavras, que ela jamais falaria.

E foi sem palavras, que ganhei a rua. Não precisei andar muito para encontrar meu destino. O bar estava cheio, talvez todos movidos pelo mesmo desejo.

- Uma cerveja, por favor!

Duas, três, mais uma vez. E uma vez mais, observo que ninguém sai. Como àquela altura, não entrava mais ninguém . Talvez pelo desconforto da superlotação e pela indefectível ineficiência do ventilador de teto. “Outra cerveja!”

E até perdermos a conta.

A Loira sai do banheiro, não muito bonita. Contudo, àquela altura da noite, desejável. Pensei nela; esqueci. Um vento quente desabotoou mais um botão de minha camisa. A Loira me olhou blasé, como que me queria. Ou só queria, sei lá o quê. Hesitei um pouco. Sentei-me ao seu lado. A mulher mostrou desinteresse, mas não me impediu de sentar ao seu lado. Sussurrei algo em seu ouvido, que nem eu mesmo entendera. Ela sorriu e fixou seus olhos em mim.

Eu não a beijei, e corri os dedos pelo seu decote. Acompanhando a gota de suor que nascera em sua face.

Começou a chover novamente; desta enfraquecida pela vida ausente do outro lado da porta. O bar não está mais cheio. A rua, esta parece morta, e nos chamava...

Eu não a beijei. Mas enxuguei, hora com as mãos, hora com a língua, cada respingo de chuva. Cada rastro de suor... Um nojo despropósito tomou conta de mim. Asco pelas sardas, pelas rugas. Pelos dentes amarelos, pela ausência deles.

Pelo sexo quente. Pelo ruído rente aos ouvidos. – Que alguns chamam gemidos. Uma vontade de matá-la tomou-me quase que instintivamente. Uma maior que o arrependimento que poderia eu vir a ter. Pior que a constatação de que o ser humano é meramente um animal.

Dessa vez eu não matei!

Corri pra casa em meio à chuva que apertava. Pensei somente em minha casa. Ansiei somente minha casa. -Como ela estava? Lembrei e não esqueci. Enquanto as tais forças atuavam.

Abri a porta, a casa escura que me observava, e que eu assim deixara.

Acendi a luz e logo reconheci o rastro. Era sangue! E logo avistei o cadáver, perfurado em vários pontos. Corri assustado. Liguei a luz da cozinha. Outro corpo se apresentava. Cirurgicamente, sem a cabeça... Que encontrei rente a pia.

Deixei de ter medo e comecei a me preocupar. Poderia ser aquilo uma invasão? -Mais do modo em que estavam... Não deveria ter sido em legítima defesa. A fêmea, por instinto, caça.

E como eu, resolveu se divertir. Mas ao contrário de mim... Matou!

Corri para o quarto e ela estava lá se espojando na cama. Plácida, como se nada ali houvera. Impassível, sem ar de remorso.

Pronta para me pedir carinho. Lambendo o sangue de seus pêlos... Como um gato deve agir.

E a mim, basta a humilde tarefa de aceitá-la como ela deve ser. Tirar os corpos dos ratos da sala, da cozinha. E rezar para a madrugada a minha volta refrescar. Para que possamos dormir, e no dia que se aproxima, novas forças voltem a atuar.

Rogério Mansera

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O Envelope

Assim como as pessoas,
eis o envelope!
Se bonito, não importa o conteúdo.
A carta, triste ou feliz,
Se a morte, contudo...
Só importa a capa.

Da poesia, a palavra difícil de compreender.
Da música, o ritmo e nada mais.
Nem é preciso entender,
só apreciar.

Pois a morte tem cara de coisa ruim.
A solidão me parece má.
A culpa, a dor, a raiva...
Se em belos envelopes,
para tudo, tanto faz...

E eu, tão influenciado pelas aparências...
Se tua capa me apraz,
teu invólucro me basta;
E já nem rimo mais.

Contudo, se a língua me permite,
componho trovas sem sentido;
me embebedo, me castigo.
Baixo o santo que me faz vivo;
até aqui e antes disso.

O ofício de escrever
relegado ao esquecimento,
de não continuar ideias.
Que não precisam dizer nada;
que sejam apenas belas...
Pois quase todos gostarão delas.

Rogério Mansera

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Resposta Carioca...

Enfim o Comitê Olímpico Internacional se rendeu a nossa candidatura! Não é maravilhoso a todos que habitam esse abençoado pedaço de chão, a certeza de que as coisas vão melhorar de verdade. Olimpíada é coisa muito séria. É um, entre os eventos políticos mais importantes do planeta. E dessa vez, coube ao Rio de Janeiro, a honra de sediá-lo. Não sejamos hipócritas ao pensar que esse país não se constrói, não se desenvolve em torno do Rio de Janeiro. Fomos a sede do primeiro governo que esse país já teve. Fomos os primeiros a ter uma universidade, um jardim botânico. Assim como fomos a capital da república nos momentos mais determinantes da história desse país. Abrigamos os artistas e as mentes mais brilhantes do território nacional, ao passo que produzimos boa parte destes.

Hipocrisia é ignorar o fato de nossas mulheres serem as mais desejadas. De que fazemos sucesso em tudo o que inventamos. O poder que exercemos em aprovar ou desaprovar modas. Por termos o monumento apontado entre as sete maravilhas do mundo moderno. De termos o povo mais feliz! De ter o nosso céu retratado na bandeira do Brasil.

Peço perdão por meu descarado bairrismo, mas preciso dizer que tenho imenso orgulho em habitar esse chão. Por tal, sei que preciso agradecer. Resposta Carioca é por todo o Brasil, inclusive por São Paulo; que deveria aprender a dar importância as coisas que tem realmente importância, talvez escutar o que dizemos e ver como fazemos. Aprender...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A primeira dedicada a marcia

Eu nunca saberia o que eu faria, sem Marcia.
E olha, que eu conheço Marcia
a poucos dias atrás.
E como o tempo passa!

Sinto, que conheço Marcia:
Como fora de outras vidas.
Já a quis como minha mãe...
Já a quis como a uma irmã,
já a quis como minha filha.

E do jeito que vier,
assim como ela chegar,
Há de ser pra mim, a marcia.
minha uma, grande amiga.

Rogério Mansera